
Conotação sexual: No século XIX, quando qualquer tipo de maquiagem era tabu, as mulheres que usassem batom eram consideradas sexualmente disponíveis. A maquiagem, mesmo quando se torna em geral aceita, contém muitas nuanças simbólicas sutis. Uma mulher com a boca carmesim era uma sereia; a que escolhia um batom mais claro, de um rosa mais discreto, era uma boa moça.

Ao contrário do que acontecia antigamente, hoje em dia não há ninguém que considere o batom um símbolo de imoralidade. Porém quase sempre, desde que as mulheres começaram a pintar lábios e rostos, os moralistas encontraram algo com que se escandalizar. A maioria das vezes, a queixa se concentrava na idéia de um ´´rosto falso´´, criado pelo batom e por outros cosméticos. Em alguns casos, o resultado era considerado uma ofensa a Deus. Afinal, os homens que se casavam com mulheres que lhes pareciam ter os lábios róseos e as faces orvalhadas ficavam indignados quando se revelava o artifício por trás da beleza´´natural´´ de suas esposas.
Conclusão: Desse modo, torna–se inegável dizer que os cosméticos vão e vem, mas o batom é perene. E a explicação para isso são as associações ligadas á feminilidade que esse cosmético enigmático desperta. O batom é a feminilidade num tubo, acondicionada e codificada em cores. Assim, o fascínio dele é irresistível – mesmo mulheres que raramente o usam parecem hipnotizadas diante de uma vitrine de batons. No momento em que me preparava para o recital, pude perceber como passar um batom é uma experiência sensual completa, desde o momento gasto na prazerosa contemplação da cor até a carícia íntima de fazê-lo deslizar nos nossos lábios. O perfume dele me evoca lembranças, enquanto que a cor do batom me faz lembrar de toda uma era.
Com esse tipo de poder por trás dele, quem pode resistir a uma boca coberta de batom?
Fontes: Autoria própria + Revista Harper´s Bazaar 1946, Ackerman, Diane.´´A natural history of senses´´. Revista Vogue,agosto de 1994; Rubinstein,Helena,´´My life for beauty´